terça-feira, novembro 30, 2010

Príncipe encantado


Nas histórias que meu pai contava antes de dormir, eu lembro sempre de um final que dizia assim: “e viveram felizes para sempre”. O meio da história todo mundo conhece, a princesa conheceu o príncipe encantado, enfrentou um monte de desafios e acabaram juntos, felizes para sempre. Ok, é isso mesmo que todas nós, princesinhas dos papais, sonhamos, não há como negar. Mas o estereótipo de príncipe não é como nos contos de fadas.

Ele pode ser loiro, careca, cabeludo e também um baita moreno. Pode ter um corpo escultural, uma barriga de tanquinho ou então ser bem gordinho. Pode ser tão alto que te force a sair com um saltinho ou então um baixinho, que te faça andar mais de chinelinho. Ele pode vir num carrão, num ônibus, de moto ou até num caminhão. Pode morar numa mansão, num apê alugado, com a mãe ou até numa pensão. Mas na verdade o que importa mesmo é o jeito que ele tocou e despertou o teu coração.

Esse lance de abrir porta de carro, mandar flores e fazer declarações de amor é conversa pra boi dormir. Se dissermos que não gostamos disso, é uma baita mentira. Mas o que queremos mesmo é um cara que te leve a outro mundo. Que te faça rir das coisas mais simples da vida. Que te diga boas verdades que te servirão como lição para uma vida inteira.

Nós queremos um homem de verdade. Um que acorde de mau humor e fique todo bonzinho depois ouvir no ouvidinho, bem baixinho, palavras de amor e de carinho. Um que te acompanhe no suco, na água, na ceva ou no vinho. Que devore um dog da esquina e que também dê boas risadas quando não souber identificar os pratos do cardápio daquele restaurante chiquérrimo e super fino.

Nós nos apaixonamos por um cara que não paga a conta sozinho sempre. E sim por aquele que também divide alegrias, incertezas, medos, conquistas e tristezas. Que te chame de linda quando está com um rabo de cavalo e um vestidinho surrado. E te dê a real quando a roupa não combina com o sapato.

Ele pode nem dançar tão bem, mas mesmo assim ter aquele balanço que nos encanta. Que nos ajude a limpar a casa e a cuidar das plantas. Que nos deixe arrepiada em lugares públicos e, com isso, até um pouco envergonhada. Que nos faça madame e, porque não, um pouco empregada.

Eu achei o meu. Melhor do que os dos contos de fada. Ele veio pretinho, com cabelo enroladinho e com um perfume que até hoje, me deixa encantada. Ele me ama como eu gosto. Me faz menina e mulher. Sim, estou vivendo o meu conto de fadas.