sábado, julho 30, 2011

Um sonho de avô


Chegando o Dia dos Pais e com as lojas todas enfeitadas para comemorar a data, me peguei pensando no que daria de presente para o meu pai. Esse ano, sem dúvida, ele vai ganhar o melhor presente: um neto. Nada que eu escolha, por mais simples ou requintado que seja, vai agradar mais do que ter o primeiro neto no colo. Dizem que ser avô é ser pai duas vezes né? Foi lembrando dessa frase que resolvi pensar sobre o papel de pai, de avô...e lembrei com muito carinho do meu amado "vô", que já partiu há muitos anos, mas que está sempre na minha memória e no meu coração. E nesse Dia dos Pais vou inverter o costume e quem vai pedir um presente para o meu pai sou eu: seja para o Vitor o que o vô João foi pra mim.

E o que afinal ele representou na minha vida?

As minhas mais distantes e doces lembranças da infância são ao lado dele. Olho as fotos de quando era bem pequena e me lembro quase que apenas dos momentos que ele estava presente. O assobio, o sorriso sincero, as mãos firmes, o carinho, o cuidado, o brilho nos olhos e o amor que ele tinha por mim, me fazem recordar de um grande avô.

Foi agarrada nas duas mãos dele que eu aprendi a caminhar. E talvez ele nem soube que além disso, também me mostrou o caminho de muitas coisas na vida. Me ensinou a respeitar as pessoas, a apreciar um domingo em família, a optar pelo diálogo ao invés da briga e também a relevar bobagens que não tem importância.

Foi com a segurança que ele me passava no tom da voz que eu aprendi a andar de bicicleta sem rodinhas. Lembro como se fosse ontem, é incrível. Ele dizia que me segurava e, como eu confiava nele com os olhos fechados, pedalei firme. Ao chegar ao final da reta, olhei pra trás e ele estava lá, aplaudindo a minha vitória e dizendo: tu conseguiu! Foi com essa mesma segurança que aprendi a confiar nas minhas escolhas, a tomar minhas decisões e a encarar a vida de adulta.

Foi com o meu avô que pequenos atos marcaram a sua presença na minha vida. Lembro quando fazia, junto com o meu pai, o "traguinho" na preparação do churras de domingo. Quando meus pais foram para o hospital ganhar o meu irmão, foi ele que me pegou no portão e me colocou pra dormir de novo. E ao me acordar, veio cheio de luz com a notícia que o meu maninho já tinha nascido e que iríamos conhecê-lo naquela hora.

♪ Ai bota aqui, ai bota ali o seu pezinho, o seu pezinho bem juntinho com o meu... ♪ é uma das músicas que rolava nas caixas de som da casa dele e, que quando tocava, dançávamos juntos.

Eu e o meu avô nos entendíamos. Só com um olhar, o outro sabia que tamanho sentimento era recíproco. Arrisco afirmar que por pensamento, nos falávamos. Era uma ligação forte demais. E quando penso ou me lembro disso, o coração dispara e, sem conseguir segurar, os olhos se enchem de lágrimas. Hoje ele é um anjo que olha pra mim lá de cima e me cobre de luz.

Comecei esse texto com a intenção de escrever para o meu pai e acabei falando mesmo é do pai dele. Acho que é porque quero tanto que o Vitor tenha do meu pai as boas lembranças que eu tenho do pai do meu pai.

Um avô é puro carinho, é felicidade, é pra mimar e, claro, para educar. Mas "deseducar" também faz parte do papel dele, não tem como negar. Então meu pai, cobre teu neto com tudo isso e muito mais. Eu sei que não preciso pedir, porque quando te contei que estava grávida, o primeiro e único pedido que eu te fiz foi: eu só quero que tu tente ser para o meu filho, o avô que eu tive a benção de ter.

Feliz Dia dos Pais meu velho pai. Parabéns vovô! Teu primeiro neto está a poucos dias de nos mostrar o seu rosto, a sua energia, o seu brilho, a sua luz e tudo de bom que ele trará para as nossas vidas. Pode "roubar" ele da gente, pode curtir um dia só tu e ele. Pode fazer o que tu sempre sonhou. Ele é teu também. E será para sempre, assim como o meu vô foi e é prá gente.