E o exercício da aula do Go, Writers! dessa semana era escrever uma carta. Simples assim.
Resolvi escrever pro meu velho vô.
Vô,
O mundo mudou tanto de 15 anos prá cá. E eu lembro de ti em
cada vitória e descoberta. Tô casada vô! E também tenho um filho lindo, o
Vitor, que completa 2 aninhos em agosto. Idealizo como seria se estivéssemos todos
vivendo o mesmo tempo, mas acho que seria impossível mesmo. Tenho diplomas,
continuo tomando guaraná e indo na casa da vó Ci como se fosse a minha! Tu nem
sabe! A Cida tá prester a ganhar a Duda, minha afilhada e primeira sobrinha! Esses
dias comi um galeto que parecia o que tu fazia e, lembra das pelancas que comíamos
de monte? Agora não vendem mais no super e é proibido para a saúde.
Como estão as coisas por aí? Aposto que só deve ter
velhinhos legais perto de ti.
Sabe vô, que quando vejo o Vitor brincando com o pai, só
peço a Deus que ele sinta pelo pai todo o amor que eu senti por ti.
A vó tá bem. Às vezes dá uns sustos, inventa moda, mas vai
longe a nossa véinha. A tristeza dela é não poder mais caminhar e acompanhar as
travessuras do bisneto. Mas ela mima ele com bolachinhas e guaraná, como vocês
faziam comigo.
Sobre a vida aqui, infelizmente não podemos mais ficar
sentados na calçada. Agora, o pátio tem grades. A tua rua, que era tão tranqüila,
é quase uma avenida! Mas tá tudo bem meu velho. Sou realizada com a vida que o
cara lá de cima me deu, rezo sempre prá agradecer e quando vejo a estrela mais
brilhante do céu, sei que é tu piscando pra mim.
Vou te amar prá sempre, como nunca amei ninguém.