segunda-feira, abril 20, 2015

O lado B da maternidade

Praticamente impossível não se emocionar com os comerciais que lembram a chegada do Dia das Mães. Penso que até quem nunca viveu a maternidade sinta um pouco dessa emoção ao assistir algum. 
O que eu ainda não vi (talvez até existam), são comerciais da vida de mãe de verdade. O lado mágico, dos melhores sonhos e de um jeito que encanta são mais fáceis de produzir. 
Difícil mesmo é mostrar a dor ao amamentar (é bonito olhar, mas experimenta ficar com o peito rachado e sangrando, pra tentar achar lindo). Gostoso é sentir cheirinho de bebê em casa (o cheiro bom é do perfume, porque o bebê mesmo tem cheiro de "vomitinho", de leite azedo, sem falar na mãe, que se transforma numa camisola leiteira). 
É bem legal ver a família reunida, sentada à mesa, confraternizando num almoço de domingo. Isso, só em propaganda de margarina, porque a realidade é a mãe fazendo acrobacias para tentar convencer o filho a comer só cinco colheradas, enquanto a comida dela esfria no prato e a fome até já passou depois de tanto negociar estacionando aviões dentro da boca da criança. 
E quando tem aquela cena que o pequeno dá boa noite, a mãe desliga o abajur e o silêncio reina? Nem nos melhores sonhos coisas como essas acontecem, pelo menos aqui em casa. 
É louco mesmo e não escrevi nem a metade. Como podemos amar tudo isso? E ainda chegar no fim da noite, olhar o filho dormindo e pensar "porque tá passando tão rápido? Olha o tamanho que ele tá e eu nem aproveitei tudo que eu queria"! 
O coração da mãe é mole, mesmo que a razão te force a ser dura. O grito na hora da briga se transforma em oração quando deita na cama. E os olhos da mamãe aqui, que às vezes se sente tão culpada, entregam a emoção que é ter tudo isso e se enchem de lágrimas. Porque eu confesso, quase piro. Mas não trocaria tamanha loucura por nada nesse mundo.