segunda-feira, julho 13, 2015

É preciso ter coragem!

"Mamãe, eu sei que hoje não é sábado, mas eu posso dormir na tua cama?"
"Ah filho, hoje? Mas por quê?"
"Mamãe, eu tenho medo de trovão, sabia? E quero que tu me proteja. Liga pro papai pra perguntar se ele deixa. Só hoje mãe, eu prometo."
Ok. Papai também se sensibilizou e disse sim para o pequeno. 
Ao deitar, parece que todos os trovões possíveis faziam uma serenata de rock n'roll aqui pertinho da nossa janela. 
"Mamãe, fica pertinho de mim? Bem pertinho, mãe. Eu tenho medo mesmo, tô falando a verdade!"
"Fico filho. E te protejo. A mamãe acredita em ti. E oh, não precisa ter medo não, o trovão não faz mal. É só ter coragem!"
Então ele se conforta no travesseiro ao lado do meu, adormece enquanto faço um cafuné e levo um baita susto com o barulho de um trovão. E penso comigo: é preciso ter coragem, mamãe. Soa como um recado dele, baixinho no meu ouvido. Ser mãe é aprender a ter sempre coragem. E saber que sou capaz (pelo menos por enquanto) de proteger ele sempre que precisar. Mesmo que tenha que me transformar em um pára-raio imaginário.

segunda-feira, julho 06, 2015

#somostodosmaju


Ainda procuro uma palavra para conseguir expressar o quanto absurdo é este caso envolvendo a Maria Júlia Coutinho, apresentadora do tempo do Jornal Nacional. Um país colorido, que há poucos dias se vestiu de arco-íris para comemorar e apoiar o casamento gay nos Estados Unidos. Bom seria se tivesse um aplicativo para que todos se pintassem de preto, como foi chamada a competente, linda e negra “Maju”. Preto como o café, como o eclipse da lua, como o carvão do nosso tão adorado churrasco. Preto de luto também. Luto e pena de pessoas tão medíocres e mal educadas como todas que comentaram o post do JN.
Sou esposa de um negro, mãe de um menino lindo, com cabelos enrolados e que carrega com ele a esperança de um futuro livre destes preconceitos. A diferença está em quem não olha para frente, não pensa no outro e nem estudou história do Brasil. Pobres da geração que julga pela cor da pele, pela opção de amar ou por quanto cada um tem no bolso. Infeliz de quem não reconhece nada, de quem não se coloca no lugar destes milhões de brasileiros que são negros e que, diariamente, sofrem este tipo de julgamento.
Já sofri na pele os olhares de dúvidas de outras mães em uma famosa praça da Capital, enquanto chamava o meu filho de filho ao construir castelo de areia em um sábado pela manhã. Talvez pelos cachinhos ou então pela pele mais bronzeada. Ao ponto de ser questionada – pasmem – se era mesmo meu filho ou adotivo. E se fosse adotado? O que importaria?
O velho ditado do “mais amor, por favor”, vem à tona novamente. Acompanhado de respeito, noção, inteligência e caráter. Porque pessoas que fazem este tipo de coisa merecem pagar caro por isso, para que se lembrem a vida toda da grande bobagem que um dia cometeram. Eu apoio a #somostodosmaju.